Nos tornamos.

Procurei nas canções algo para te dizer, te dar, te trazer, mas não achei.
Você é mais que uma canção de amor que não deu certo, você é a melodia que me faz dançar ao lembrar dos seus olhos castanhados que cerravam ao sorrir.
Não existe canção para nós, nenhuma que se remeta à você, mas se for capaz de ouvir em toda essa distância o som da minha respiração, ela está cantarolando um saudade que dia desses voltará para te buscar.
Lembro-me do dia que a sua risada fazia da minha alma moradia, era comida que não comia mas que era capaz de me alimentar por todos trezentos e sessenta e cinco dias seguidos.
Fingia que dormia enquanto você me fazia carinho ao acordar. Tínhamos gosto de comida de Vó, e olha só o cheiro de carne esquecida na geladeira que nos tornamos.

Deixei que ficasse.

Com ela me sinto segura até para dormir com os pés para fora da cama.

Eu só queria sexo. Sério. Estava indo tudo certo, a transa estava boa, nos completamos, pontinho para mim, consegui o que queria.
Mas aí ela inventou de passar a mão no meu rosto e me dizer que eu era linda. Senti um sorriso escorrendo no canto da minha boca. Droga! Como mandar ela embora?
Deixei que ficasse, não iria perder nada, afinal. Mas ela é tão danada que me fez ganhar o mundo ao lado dela, me sorri todos os dias, não briga comigo, ri das bobeiras que faço, me faz cócegas.
Como deixar partir se com ela não sinto medo? Me sinto em casa depois de um dia cheio, me completa até na hora de pentear o meu cabelo.

O amor despertou. Tarde demais, fiz dos olhos dela canto quentinho da cama na hora de dormir, e do sorriso o sol ao abrir a janela. Não dá para deixar partir.

Eu a amo.

Let it be

Hoje eu entendi o porquê você me odiou. Porque, acredite, você não foi a única que sentiu ódio aqui.

Uma cerveja, por favor. Parei de fumar em janeiro. Mas voltei hoje. Eu parei de chorar em fevereiro quando sarei do acidente que eu sofri. Mas voltei hoje. Peguei aqueles meus livros velhos de histórias melosas. Eu parei de ouvir The Beatles em março. “Let it be” me faz chorar como uma menininha que perdeu sua mãe no meio da multidão. Mas voltei hoje. Até meus vícios que me deixam triste ou drogada voltaram, e nada da tua cara rosada e do seu cheiro doce.

Você acha que sinto saudade do seu jeito protetor? Lógico que não. Você pensa que eu sinto saudades dos teus peitos grandes que mal cabiam na minha mão? Não. Você nem imagina, mas eu não sinto nenhuma falta da tua gargalhada acompanhada de uma palma. Muito menos dos teus beijos que invadiam até o âmago da minha alma. Eu não sinto tua falta. Não. Mil vezes não. Jurei a mim mesma não sentir mais falta de ninguém além de mim. E continuo com esta promessa sem estar cruzando os dedos.

Eu sinto falta é de mim quando eu estava com você. Eu sinto falta da minha cara de boba quando eu te via concentrada vendo a cara bonitinha que você fazia. Eu sinto falta do meu sorriso após uma transa maravilhosa. Eu sinto falta das borboletas, dos dinossauros no meu estômago quando você dizia me amar um céu. Eu sinto falta do brilho dos meus olhos ao entrelaçar meus dedos aos teus enquanto você dirigia.

Eu parei de ler Gabito Nunes em setembro. Aquele maldito porto-alegrense insiste em escrever as nossas histórias e confusões em seus contos. Era dele o primeiro conto que te enviei. Falava de resto amargo. Você nem lembra, aposto. Mas voltei a ler hoje. Mas nada do teu cabelo dourado de sol e dos seus pés 37. Eu parei de viver em Maio.

Se podia.

Perdoe-me meu amor caso falte poesia entre essas linhas que agora vou lhe escrever.
Já faz tanto tempo que eu nem me lembro quando tempo faz que nos olhamos pela última vez com um olhar de paz.
Toda madrugada olho para o nada e me lembro do quanto eramos perdoadas por nos amarmos demais, mas armadas não estavamos e o destino nos separou. Mas não me perguntou, não perguntou se podia. Então, desde que você foi embora, não teve hora que o pranto cessou, e eu nunca mais soube o que fazer com o sentimento por você que em mim ficou.
Então a saudade às vezes aperta e eu faço uma reza, pra quem sabe, talvez você voltar. Mesmo tendo medo que o seu beijo não tenha mais o gosto que eu tanto desejo.
Então ao mesmo tempo, eu peço para ao vento me levar para um lugar onde a alegria tome o meu peito.
E reflita nos meus seios, quando eles estiverem sendo felizes nas mãos de outra mulher.

Te fiz um poema.

Distante.
Coloquei o seu sorriso na estante pra eu não me esquecer de você em nenhum instante.
Pra quem tem um amigo longe, sorri porque sabe que ele vai estar lá por você, não importa onde.
Fiz pão quentinho, no meu quarto te dei um cantinho, tirei do mundo todo o carinho e te dei, escrevi uma poesia pra você não se esquecer de nós, de mim, do que você era quando estava comigo à sós.

Amanhã é seu.

Amanheceu, e eu percebi que se a saudade que eu sinto de você tivesse endereço, seria o do meu peito.
Eu não tenho mais inspiração para escrever. Faz dias. Me afoguei na leitura, e quanto mais eu leio, mais eu quero ler.
Mas as vezes me vem umas coisas bonitas como essa. Porque sentir saudade é bonito, mesmo que não seja reciproco.
Saudade nos mostra o quanto alguém consegue nos fazer bem mesmo estando longe, é fazer a gente puxar lá na memória coisas boas que se viveu junto para tentar amenizar a saudade. E lembrando de coisas boas, percebemos o quanto fomos felizes, e no quanto essa saudade que ficou, vale a pena.

Já sou.

As coisas estão bem.
Um legal tão batalhado e merecido, sabe?
Uma necessidade de ser mais eu, de buscar a felicidade que eu mereço. E todos os dias quando eu acordo é isso que eu faço.
Porque quando você é de verdade, é assim mesmo que as coisas fluem. Quando você vai até o seu limite em tudo, você percebe que não precisa de mais nada. Quando você não tem medo de chorar, de dar sua risada estranha, é assim mesmo. Tudo um dia fica claro. Bonito. Simples. Arroz com feijão e ovo, tão bom quanto strogonoff de frango, é assim que estou vivendo. Não fazendo diferença, vivendo-a, aceitando as coisas como elas são e fazendo delas, todos os dias as que eu mereço.
Eu me amo. Eu me basto. E felicidade eu só aceito de fora se for pra vir pra somar, pra ser, eu já sou. Eu já a tenho, obrigada.

Sobre esquecer.

Uma vez, quando eu tinha 15 anos, fui na padaria comprar chocolate. Lembro-me que entrei atrás de um menino esperando ele ser atendido para me atenderem. Entre cheiro de pão quentinho, escutei ele perguntando para a dona da padaria o que ele tinha que fazer parar esquecer alguém. Nisso passou um caminhão e fez um barulho tremendo fazendo com que eu não ouvisse o que a dona da Padaria lhe disse.

Volte verão que vem.

Queria saber pra onde vai os silêncios que eu faço quando as minhas palavras não fazem mais atos.
Talvez eu tenha que parar de me culpar por não deixar mais ninguém se aproximar de mim. Confesso que no fundo me sinto um monstro ao ver tanta gente bacana tentando ganhar um espaço para formarmos um laço e eu me afastando tão fácil.
Mas sabe o que é? Ando tão bem sozinha. E desculpa, agora não quero me apaixonar, amar, mandar mensagem pro celular de alguém falando algo sobre saudade.
Volte verão que vem.
Talvez eu queira alguém.